quinta-feira, 20 de março de 2014
Tendência Estendida em Kilômetros de Afeto
Ferve tenuemente suave avidez viva
Mas somente pelo ímpeto sagaz
De curtir um sorriso que se agita
Se faz curto o tempo que me grita
Numa possibilidade de meio tudo
Repassa tua energia quase explicita
Na curiosidade em que mordo o fruto
Quando cantar "Lying in my bed..."
É ato de patriotismo em insensatez,
Uma boa nova sobre navegar por você
Na base das horas de um dia fiz do ano
Servente da companhia mais ausente
Ultrajando o embriagado presente insano
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Corpo Fechado
Enfrenta uma bebedeira e ao chegar em casa observa a figura patética de seus olhos cerrados no espelho. Como se procurasse na vida do outro lado um pequeno alfinete que lhe desse a ínfima possibilidade de burlar a segurança da fechadura que as inúmeras e constantes experiências vazias lhe impuseram para ter acesso a consciência de si.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Momento 20/01/14
Esperar o ônibus. Para alguns pode ser uma agonia interminável. A vida em subsistência. Mas a espera na vida está para a vida na espera. A insuficiência só existe por conta da intotalidade na presença. A inundação de sentidos se aflora de si para o mundo, porém o hábito de fazer o inverso é tão comum e corriqueiro por conta da preparação que tivemos culturalmente no culto do não pensar e penar e pagar e só que só enxergamos o tempo como investimento produtivo, quando a produção pode estar em si mesma na preservação da paz. Produção da emergência. Emergência de emergir mesmo... mas sem emergência. Emergir no encontro com as pessoas. A sutileza dos olhares evitando fixares mas procurando cumplicência numa dança de constrangimento. As conversas dispensáveis mas fruto da situação que se inevita em razão própria. O por do sol a tardar na sensação de paralisia temporal. O bêbado... O stress... A briga... A culpa... O humano e a beleza disso tudo. Acho que perdi meu ônibus.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Quase consigo perder o que me guia
E vir a ser normalmente quase livre
Não passo um dia mais em serventia
E meus tropeços, sem marcha fúnebre
Corro e me alcanço sendo sozinho
Canso e desmancho em descaminho
Meu engano em me enganar não faz
Suave a aparência que em mim jaz
Torno possível a vertigem suposta
Torno verdade a maldade da proposta
Faço vida cambaleante, encosta
Tudo que eu posso criar e nada mais
Liberdade que trazes enquanto se esvai
Posso tudo em nada ser, jamais
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Fixa um preenchimento aleatório, quase vão
De estar sem explorar o possível invento
Arrojado, que arrebenta a vida em expansão
Tudo é passagem, e já não se sabe vai
Cai aqui e de repente se percebe, não está
Vira, remexe todo o vital contexto e sai
Fuga-se invisível de onde se, de fato, permanecerá
Já ouvia-se o doce clichê: é só o amor
Viste-se dos problemas, a dor sem respiração
Da vida que dilata-se no distante torpor
Me viro em devaneio nu, sem nem ao mesmo saber
Ou perceber qual caminho maravilha explorar, inútil
Sempre a adoecer meu órfão carinho a se debater
Cordialmente Explosivo
Quando percebi que tu havia partido
Procurando meu coração que tava contigo
E os pedaços do meu amor, agora contido
Sabes que não iria fazer por mal
Aquele reboliço, quase vendaval
Só queria que ficasse escondido
Aquilo que me deixou meio ensandecido
E eu me perdi é no meio dessa brincadeira
Que toda em novidade, foi estranha
Eu caí e tu que me deste uma rasteira
Veja lá se não tenho o mínimo de razão
Tu que tava sendo amada com tanta força
E é que acontece dentro de mim essa explosão
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
O som calado em teus ouvidos aguçados
Da minha forte garganta emudecida
Representar deste cochilar do porvir
A vontade de sermos e não me ser
Por hora, ilusão e vertigem boba, cega
De tom d'um ímpar e gentil momento
Impossível, me persegue e acompanha
Me traz, recorre, recorro, brinca e foge
Nada obstante em mim à simples fome de surgir
O que dentro de mim não se pode explicitar
Mas há calma e fluidez no portempo em si
Não paralisante, retardante como um balão
Não há hora se está partilhando o céu
Não há pressa em nos ser enquanto não somos
Se seremos, não sei, nem mesmo sei se seria bom saber. Mas, eu, hoje, tudo desconsidero, tudo lhe sou.
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Dessolidão
À minha maneira, ao lado
Permanente por si, ao léo
A permanência carente
Por vezes sem existência
Apenas eu, e nada mais
Sem você, nem esperança
Sem exceções, invitalidade
Desprazer do descaso, inviabilidade
Surpresa da dessolidão, verdade
A juventude que se dane
Se for esquecimento, do antes
Se for dor, esquecimento
Se for passado, novidade
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Intensamente
Que não tenho outros cantos
Intensamente... Intencionalmente.
Acontecerá
Numa simples noção de captar
A mim mesmo e o oposto
O oposto do dia é pego pelo olhar
E eu a cair sem nem querer evitar
Sem descoberta. Semi-descoberta.
Crie alguém, me deixe pra lá
Não queira se infiltrar, despareça
Ou comigo viva, de maneira que aconteça!
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Calmarias do vento
Ao saber do início d’um raciocínio sínico
Que coloca-se a espreita de suposto sábio
E vê-se um mar de carapaças do ócio
Passa-se a ver um novo caractere
Uma farsa da completa poesia rica
Se esconde ao longe dos olhos que fere
Vê martírio e violência calma que fica
Se fosses simples seria alto e magistral
Diminui-se aos poucos e esconde-se
Explosão de frases dentro do sangue naval
Leve, pois já não há redes e anzóis
Na descida em viril queda livre
Simples mudança de nascer de sóis
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
domingo, 1 de agosto de 2010
Livre ao menos, enfim
A vida movimenta um sonho
O corpo responde, sensações
Neste rosto serenidade ponho
O acaso me descobre, incapaz
De combater o comum, e sabe
Guardar de forma veráz
Me livrando, a grade não mais me cabe
Me levanto, paro, penso, constato
Insessante incômodos fraternos
Com satisafação, meu tato
Vem em mim. Cadeados banais
estes, inúteis a ti
E mais, fazem-te entrar
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Beba Minha Vida, Vida
Não percebendo mais a vida
Passando por diante meus lábios
Cheirando a uma pessoa surda
Invento um inferno onde eu domino
A risada maléfica acompanha o jogo
O sorriso resgata o desespero
O palhaço vira pierrot
Vira que não é nada
Torna a vida em um copo cheio
Num bar, vira de uma vez a si mesmo
A realidade se confunde e funde
Vida, sonho, morte, desejo de tudo
Mas, não mais, presente
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Pois já não existe você
Que some sem querer minha vida
Que nada mais tem utilidade
Se essa dor é tão mortífera
Por que não tranforma meu sangue
E faz corroer meu coração como simula
E em ácido, a dor que age, pulsa
Mas a morte é privilégio
Os suícidas e os poetas sabem
Aqueles verdadeiros poetas
Que dádiva seria esta de te deixar
Quando ainda suplico por você
Na esperança de mais dor para o fim.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Sem Existir
Amor é miragem da vontade
Cresce vivo, flutuante
E cresce infeliz
Mais. Inchaço dos olhos
Não reconhece meio às lágrimas
Por não poder fechá-los
Você ignora a dor e padece
Fico por trás do perfume
Só, como o irracional exilado
E penso como o que sente dor
Amo perdendo pedaços
Sem vida procuro ver que
Existir exige morte lenta
Meu amor cresce e cresce mais. Não por você. Fico só e penso. Amo sem existir.
domingo, 16 de maio de 2010
CONTO - O ASSOALHO
O desconforto se estabeleceu sobre mim.
Eu, recém devolvido às ruas, expulso do ninho de ratos. Eu sabia que as manifestações socialistas levaria-me à algum lugar, só não esperava ser invadido. Corpo quebrado, um andar meio torto, ausência de preocupações médicas e resmungos silenciados por noites.
Eu só não queria que me dissessem que rótulo beber num sábado a noite. Mas agora, definitivamente, nesses poucos e recém dias livre, alguma coisa estava errada.
Mariana era uma garota... Não, mulher! De curiosos hábitos. E entre alguns percebidos por mim, o seu desprezo pelo tempo que se era desperdiçado para arrumar os cabelos, pintar as unhas, aversão a vestidos rendados, olhos vazios e limpos, pele neutra, tão clara que absorvia as sombras todas em pontos concentrados da sua face, dando-lhe uma feição quase mórbida.
Comecei a perceber a ânsia pelo que vinha fazer a me procurar.
Funcionário de uma loja de temperos, seu confidente culinário, mas ainda não convidado para um banquete, se é que me entende. Certamente a minha curiosidade se confirmaria em alguns dias, sobre suas artimanhas dos lençóis. Mas ela teria coisas de veraz interessantes além de poder satisfazer meus prazeres "carnais"... Ou não. Essa questão é um tanto irônica e verá por que.
Em meu apartamento, finalmente. Melhor por dizer, meu alugado, fedorento, sujo, escuro, abafado e podre apartamento. Esse cheiro me incomoda de tal forma que encontrei meu consolo no fumo. Antes um tabu, desconsiderável para mim. Não é preciso detalhar quanto o detestava se podendo saber que suportei meus sete anos na prisão sem ele. A partir de agora, eu e o cigarro compartilhávamos mais do que apenas o desgosto de uma maioria: o cheiro. E não foi para enaltecer introspectivamente minha angústia, mas selecionei a marca pelo grau de densidade de sua fumaça, espalhando vários deles acesos pelo meu espaço, que já se assemelhava a uma fossa. Tomei o costume pelo fumo depois que percebi que o cheirar constante dele amenizava o terror que o apartamento causava em minhas narinas e à meu pulmão (mesmo apodrecendo). Meu corpo estava satisfeito e agradecido. Não me sinto mais tão morto agora, pois havia começado a pensar que era eu quem estava apodrecendo.
Posso me sentir mais em casa com os mendigos e meu instinto consumidor, e foi em uma das ruas de comércio local que eu reencontrei a mais exótica das minhas clientes. Começamos por conversas leves, mas o comprido dia que insistia que nos conhecêssemos intimamente. Deu-se tal profundidade na ligação de nossos espíritos que no fim eu já não queria ir pra casa. Mas foi num bocejo de suas olheiras que às três horas e vinte minutos da madrugada, decidimos ir conversando para casa e em sua porta, surpreso, sugeri que dormisse na casa de seu vizinho, pois não suportava os insensos que se percebia a presença mesmo que sua porta não fosse aberta, mas qual eu abri foi de onde passaríamos uma noite de sexo em sonolência que o vinho também soube influenciar de maneira divina, o intermédio da terra e o paraíso de meus sentidos, a minha.
Carinhos macios e de lentidão extrema, como se gritassem com uma raiva calma e ardente para o tempo, quual a indiferença que sentimos em relação a ele, e o desprezamos toda noite, em outro paralelo, com olhos serrados. A noite acabou, o dia raiou e estávamos de volta. Ao abrir os olhos após aceitar que estava acordado, perceber ela ali e seu passado dormindo a seu lado, qual ela o havia deixado retornar a si, inevitavelmente, como, qual acompanha a aurora, o sol que aquecia seu corpo todos os dias (e como eu gostava daquela pele "fria-arrepios") para a lembrar de que a noite em sua perfeição sempre se quebra por sua fragilidade. E foi nesta vez que o suicídio me veio a cabeça e me aproximei muito disso. Mas ela pensou que eu estava apenas tomando um ar quando estava nu na varanda, de frente para rua, naquele quinto andar, e sua voz me fez abrir um sorriso de infelicidade quando me disse com olhos fechados "eu adoraria um abraço".
O meu trabalho após aquele dia começou a durar eternidades, de tamanho semelhante a ansiedade de minha volta pra casa na esperança de vê-la. Não conversei uma única vez sobre ela com ninguém, a queria definitivamente apenas para os meus pensamentos, mesmo agora que nos víamos todos os dias. Nunca a vi falando com ninguém que não tivesse vendendo alguma coisa ou pregando algo que não era de seu interesse e logo eram dispensados de maneira rude, e suas roupas e olhares a ajudavam a dizer isso de modo tanto eficaz quanto. Era extremamente feliz por isso. Mas o nosso passado ainda era desnecessário e não conhecido por ambos. E na minha solidão mórbida, era um dependente e curioso.
Aceitando um convite insistente, fiz uma visita à minha única. É claro que a dor de cabeça - causada pelo incensos - do dia seguinte valeu a pena. E sua constante influência em meu pensamento havia se intensificado alguns dias anteriores ao que diz respeito a existência do "imperceptível comum". Mas quando entrei - mais que em sua casa, em seu universo, sua aura - aqueles livros cheios de poeira aumentando meu interesse por seus conhecimentos, foram me tornando seu discípulo, mas claro que por minhas ações, eu queria fazer parte daquilo mais do que apenas compreender, aumentando a sintonia entre eu e ela, nós e tudo. Ver seus sorrisos mais vezes e saber sobre o que ri me satisfaria inexplicavelmente. Praticantes do ocultismo fazíamos todo tipo de ligação e nos envolvíamos com tudo aquilo de pagão e mal conceituado para a maioria - que tanto ignorávamos. Sem mais detalhes.
A rotina era muito mais do que apenas do que reclamar do tempo, do baixo movimento da loja, do baixo salário, as contas que se acumulavam por isso, da minha aceitação desse baixo salário devido a origem de minha chegada até onde estou. Agora era tempo de ignorar a tudo e me fazer valer de um tempo fora desses universos. À noite era sempre sensacional. As descobertas iam se tornando cada vez mais intensas e as noites em claro estavam se tornando mais frequentes. Mas antes de prosseguir com os resultados, vamos à Arché dos nossos estudos.
É claro que compreendemos a presença de algo que deu início à toda forma religiosa. Encontramos essa evidência em Deus, nos vários deuses da Wicca, nas interpretações Cabalísticas. Quero dizer: agora eu compreendo. É importante, antes de mais nada, ter a consciência de uma integridade nos nossos atos... ou não. Mas o fato era, antes de mais nada, o paladar. As experiências que nos valíamos partia desse grande sentido. Sim... Canibalismo Cabalístico, foi o nome que surgiu.
terça-feira, 11 de maio de 2010
OLHOS ALHEIOS
Mas atenciosa, procura por mim
E eu, cedendo, me deixo levar
sedento, por em teus olhos, o mar
Crio em meu peito capaz
Um jovem e destemido rapaz
Que sem perdão, como cobra
A seu criador torna capataz
Aprisionado de meu próprio ser
Não me esquivo de nada, tenho pena.
O pai idiota a perdoar e crer
Já não tenho voz a união de meu peito
Permanecerei por aqui, exilado
Expectador do carinho alheio
Gabriel García Márquez
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Vida Adentro
Meus sentimentos ficaram em tuas mãos
Algo me prende em meu interior
Sinto o vazio em quilômetros
O tempo me faz desprevenido, aproveita
Prepara seu presente com pureza
Eu, cobaia, aguardando o leve chegar
Do nada, sem nada, atingir o nada
Para que esses olhares façam sentido
Me atinge tal adaga de nada
Sai de me peito, revestida por nada
Não há vermelho e
Meu peito aberto se dilata
Meu coração recolhe sangue, exala vida
Surpreso pela resposta dura
Vejo-me diferente ao lembrar que,
minha memória cega, cega
E me permito escravizar
A essa coisa ridícula
Revestida de leveza, mas sei
As ovelhas tem ossos e sentem dor
Mesmo assim navego por esse lago
Sabendo de meus limites, mas
Por hora querendo nadar
E tua escama fresca me escapa
Me reduzo a criança à professora,
Por qual me apaixonei,
Que nunca me esqueci,
Que continua a mudar minha vida
Cascata de Vida
Que ela não faz diferença
E, ao invés, rega essas mãos
Sobre o suor de harmonia
O tempo que ajude a mudar
Toda essa cascata de vida
Enquanto as gotas de você
Me regam e alimentam
E eu, crescendo em esperança
Em meus olhos, atravessando a dor
Que a espera traz em dúvida.
Crescerei e poderei sentir você?
Me mantenha longe dos morros ariscos
Barreiras de emoções,
Serras que tem seus aliados, assim
Meu eterno banho em nirvana
Salto Alto
Versos ao vento
não que queira, não que possa
Angústia de impossibilidade
Preso por não ser leve
Mas inflam-se minhas mãos
E o papel me leva para cair
Em seu passear, giro o mundo
Volto satisfeito, triste
Mostro verdade, que se ignora
Mas o verso mantém-se ao ar
Eu imóvel, incapaz de sorrir
Mas é preciso, Peter
De volta ao chão, cai
Quando for a próxima
O torpor voltará
Da terra do nunca
Me repele e atrai o trânsito
Simples, sem fundamento, me cai
Cai bem
Instante cheio de instantes
Caçadora de boas palavras
Mascara-se e chinga com carinho
Cafuné que dói
Lá fora o mundo não é outro
Os dragões brincam co'as crianças
Festivais de nada para tudo e todos
Neles trago seu abraço tímido, desacostumado
Singelo Virgem
Desvaneio criativo em não ser
E, de repente, teu cabelo toma cor
Cor: Singela
Indiferente a princípio, me apego
A tom rude que se faz "abusada"
O "desculpe" gagueja e me fere
Não me recupero
Pela ferida aberta, o fluxo
Me caso em sangue diferente
Entendo minha distância
Afinal, banal aproximação virgem
Meu ombro se aqueceu, não senti
Nem olhei para trás, você não estava lá
E eu encantado
"Na Paulista", digo, me vou
Aontece que... o acaso.
Aceito, gosto e gasto riso contigo
Mas não a vi nesse meu mapa
Não sei e não há o que saber
Há curiosidade de seu toque, fato
E não devo imaginar, não me permito
Não seria tal peculiar prece por sentir
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
no ser no ter, no não, no sim
mantendo verde a imagem de ti
me perdendo logo, em montanhas de resposta
O calor que se esfria, as ondas de rádio
a falta faz a distância. Sou proximidade!
Me sinto e preciso afastar distância
Sendo o que, você, pede
Seu cabelo já não está em meus lábios,
cheios de afeto
buscando-te em descoberta, possibilidades
E agora, frio. Agora.
Sofá vazio
não vi
o seu rosto me presenteou
não vi
Um sorriso querendo morder meu peito
não vi
salivando por entre tuas palavras
não vi
Sexo quente entre luzes amenas
longe da vista
você calada, me vejo
sou nada
Fosse o fogo
descendo às fossas
fazendo seu papel
quase fútil, doce
O fogo não seria doce
fosse ele tão belo se fosse?
fogo frio esse
falso
O doce derrete o dedo
meu coração ao forno
o dedo doce
derrete a boca
O coração na boca se acalma
clama e ferve feliz
amargo gosto metálico, único
sangue quente
o momento da vida
o segundo de felicidade
precioso por único
Prepare-se em seu leito triste
a base da felicidade incerta
poderá tê-la, não
mas o agradeça por isso
Prepare-se e vá, simples
Seja, mas pela existência
Verdade não fixa
Dissolve e cauteriza
Prepare-se, feche os olhos
more em si
dispreze
caia
Afasia