quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Portempo


O som calado em teus ouvidos aguçados
Da minha forte garganta emudecida
Representar deste cochilar do porvir
A vontade de sermos e não me ser

Por hora, ilusão e vertigem boba, cega
De tom d'um ímpar e gentil momento
Impossível, me persegue e acompanha
Me traz, recorre, recorro, brinca e foge

Nada obstante em mim à simples fome de surgir
O que dentro de mim não se pode explicitar
Mas há calma e fluidez no portempo em si

Não paralisante, retardante como um balão
Não há hora se está partilhando o céu
Não há pressa em nos ser enquanto não somos

Se seremos, não sei, nem mesmo sei se seria bom saber. Mas, eu, hoje, tudo desconsidero, tudo lhe sou.