quinta-feira, 15 de abril de 2010

Vida Adentro

Tuas palavras são para mim,
Meus sentimentos ficaram em tuas mãos
Algo me prende em meu interior
Sinto o vazio em quilômetros

O tempo me faz desprevenido, aproveita
Prepara seu presente com pureza
Eu, cobaia, aguardando o leve chegar
Do nada, sem nada, atingir o nada

Para que esses olhares façam sentido
Me atinge tal adaga de nada
Sai de me peito, revestida por nada

Não há vermelho e
Meu peito aberto se dilata
Meu coração recolhe sangue, exala vida

Aos Pés

Me pego no apego a teus pés
Surpreso pela resposta dura
Vejo-me diferente ao lembrar que,
minha memória cega, cega

E me permito escravizar
A essa coisa ridícula
Revestida de leveza, mas sei
As ovelhas tem ossos e sentem dor

Mesmo assim navego por esse lago
Sabendo de meus limites, mas
Por hora querendo nadar
E tua escama fresca me escapa

Me reduzo a criança à professora,
Por qual me apaixonei,
Que nunca me esqueci,
Que continua a mudar minha vida

Cascata de Vida

Parece que a chuva sabe
Que ela não faz diferença
E, ao invés, rega essas mãos
Sobre o suor de harmonia

O tempo que ajude a mudar
Toda essa cascata de vida
Enquanto as gotas de você
Me regam e alimentam

E eu, crescendo em esperança
Em meus olhos, atravessando a dor
Que a espera traz em dúvida.
Crescerei e poderei sentir você?

Me mantenha longe dos morros ariscos
Barreiras de emoções,
Serras que tem seus aliados, assim
Meu eterno banho em nirvana

Quando pisco em resposta
Ao segredo que tem o escuro
Me revelo

Se finalmente vejo você
Dentro de mim, faz o quê?

Salto Alto

Agora está você aí do outro lado e eu pensando, imaginando, sentindo o aroma de teu calçado. Em antes, seus pés arrastando suas meias por meu corpo suado. E no entanto de manhã, bocejando, me despedindo do som no assoalho, o adeus de seu salto.

Versos ao vento

Nas mãos do vento,
não que queira, não que possa
Angústia de impossibilidade
Preso por não ser leve

Mas inflam-se minhas mãos
E o papel me leva para cair
Em seu passear, giro o mundo
Volto satisfeito, triste

Mostro verdade, que se ignora
Mas o verso mantém-se ao ar
Eu imóvel, incapaz de sorrir
Mas é preciso, Peter

De volta ao chão, cai
Quando for a próxima
O torpor voltará
Da terra do nunca

Costume

Abrupta, sem jeito, sorri
Me repele e atrai o trânsito
Simples, sem fundamento, me cai
Cai bem

Instante cheio de instantes
Caçadora de boas palavras
Mascara-se e chinga com carinho
Cafuné que dói

Lá fora o mundo não é outro
Os dragões brincam co'as crianças
Festivais de nada para tudo e todos
Neles trago seu abraço tímido, desacostumado

Singelo Virgem

Devaneio como gesto, aparência,
Desvaneio criativo em não ser
E, de repente, teu cabelo toma cor
Cor: Singela

Indiferente a princípio, me apego
A tom rude que se faz "abusada"
O "desculpe" gagueja e me fere
Não me recupero

Pela ferida aberta, o fluxo
Me caso em sangue diferente
Entendo minha distância
Afinal, banal aproximação virgem

Aqui

Subindo a rua você passou
Meu ombro se aqueceu, não senti
Nem olhei para trás, você não estava lá
E eu encantado

"Na Paulista", digo, me vou
Aontece que... o acaso.
Aceito, gosto e gasto riso contigo
Mas não a vi nesse meu mapa

Não sei e não há o que saber
Há curiosidade de seu toque, fato
E não devo imaginar, não me permito
Não seria tal peculiar prece por sentir