terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Poema E

Para tudo. você há de ser meu "?"
no ser no ter, no não, no sim
mantendo verde a imagem de ti
me perdendo logo, em montanhas de resposta

O calor que se esfria, as ondas de rádio
a falta faz a distância. Sou proximidade!
Me sinto e preciso afastar distância
Sendo o que, você, pede

Seu cabelo já não está em meus lábios,
cheios de afeto
buscando-te em descoberta, possibilidades
E agora, frio. Agora.

Atribulado amor que,
sem razão de órbita, grita
às surdas do meu mundo
e eu, assim como Deus,
presente apenas em pensamento,
em minha companhia,

o desencontro da ausência

Tenso

Do sonho que desperta
a vontade acolhe
recolhe a noite
em momento claro,
visão clara

Cai a inocência do irreal
faz barulho e afaga
me conquista, te desejo
grite em palavras rápidas
diga - eu não sinto -

Encoste sua lágrima
em meus lábios vagos
abra meus olhos
com teu sorriso

Estilo

Para que se passa me sinto fora
da rua, do mato, da grelha
calço meus sapatos flutuantes

cheios de pó a me imaginar ao longe
eles não vêem as mãos que
em meus pés, se apoiam

eles não sabem da morada dos reflexos

Nada que você não queria ou nada que você queira. Me sou só e não me convém existir, adeus.

Sofá vazio

Passei por você
não vi
o seu rosto me presenteou
não vi

Um sorriso querendo morder meu peito
não vi
salivando por entre tuas palavras
não vi

Sexo quente entre luzes amenas
longe da vista
você calada, me vejo
sou nada

Miragem

E eu fico esperando essa coisa que me traz de volta da onde me exilo, só. Ruim é saber da impossibilidade de ser aquele meu sonho de ontem. A ilusão, sim, é meu melhor, tão real que quase deixa de ser intocável no ponto entre o compromisso e a felicidade. Me deixo e sei ser breve. Ela sabe. Sou miragem. Viverei não me importando, transparente.

Fosse o fogo

Se o fogo fosse doce
descendo às fossas
fazendo seu papel
quase fútil, doce

O fogo não seria doce
fosse ele tão belo se fosse?
fogo frio esse
falso

O doce derrete o dedo
meu coração ao forno
o dedo doce
derrete a boca

O coração na boca se acalma
clama e ferve feliz
amargo gosto metálico, único
sangue quente

Luz

O sorriso não mancha
a pele não disfarça
temo essa transparência
que me cega ferindo

Vejo a mim quando esqueço
estou perto desse mar
na maré baixa,
na tempestade

Olho pra ti de onde sofro
deitado,
você vem,
tudo morre

Caia

Prepare-se para a vida
o momento da vida
o segundo de felicidade
precioso por único

Prepare-se em seu leito triste
a base da felicidade incerta
poderá tê-la, não
mas o agradeça por isso

Prepare-se e vá, simples
Seja, mas pela existência
Verdade não fixa
Dissolve e cauteriza

Prepare-se, feche os olhos
more em si
dispreze
caia

Começo

Hoje tenho um pouco de disposição. Por isso, o Blog.
Bem, espero que apreciem.